21 novembro 2017

Breves apontamentos sobre o Eu, Karma e Consciência

21 novembro 2017



É dia 21 de Novembro de 2017, o dia vai mais ou menos a meio da manhã e volto ao blog depois de vários anos de ausência apenas porque após uma noite de insónia me apercebi que seria uma boa opção voltar a arquivar alguns textos, que me parecem interessantes, numa plataforma que me permita aceder a eles, em qualquer lado, com facilidade. Sei que estes dois ou três posts que farei de seguida não chegarão ao número de pessoas que gostaria e, provavelmente, não chegarão a quem eu gostaria mesmo que chegassem (leia-se/entenda-se com quem eu gostaria mesmo de conversar sobre estas e outras coisas) mas não custa tentar e como em 17 anos de internet nunca consegui ter mais seguidores e leitores do que os actuais é mesmo convosco, poucos mas bons, que partilho os meus pensamentos e as minhas leituras para que elas possam eventualmente solidificar pensamentos já adquiridos ou promover algum tipo de reflexão que leve a um despertar de consciência mais efectivo.
Nos últimos tempos, (factualmente desde a minha “noite escura da alma” em 2000), tenho corrido atrás de uma maior percepção do que é e não é o Eu, o ego. Tenho lido várias coisas, muitas até mas a justaposição das coisas escritas ou ideias numa concatenação que faça sentido nem sempre se verifica. Mas ontem, por volta das 4h30 da manhã verificou-se e, para me poder lembrar mais tarde, resolvi apontar os seguintes capítulos dos seguintes livros: Cap. 1 do livro “Um Novo Mundo”, de Eckhart Tolle e os Cap. 3, 4 e 5 do livro “Karma – O que é, O que não é e Porque é que Importa”, de Traleg Kyabgon.
São livros algo datados, respectivamente, um de 2005 e já o tinha lido há alguns anos e de 2015 mas só agora o adquiri.
Como dizem muitos autores, nada é por acaso mas a junção, por assim dizer, destes dois textos é, de facto um acaso, porque, ontem, não contava de todo comprar o livro do Eckhart Tolle na edição de bolso, nem contava começar a lê-lo de novo. Mas fi-lo e creio que ainda bem pois deu-me vontade de fazer estas raras anotações tão preciosas, digo eu, para o meu próprio caminho esotérico e espiritual. Por outro lado, isto é apenas uma forma prática de poder partilhar textos longos (aviso já que são longos mas creio valerem bem a pena) em redes sociais como o Facebook.
Mesmo que nada seja como o descrito por estes autores, (mas eu actualmente creio que é), não deixa de ser um exercício, como outro qualquer, para tentarmos perceber melhor o que somos e o que nos rodeia. E, portanto, uma pesquisa sobre o Eu, individual e colectivo, feita num determinado contexto pessoal e também de um registo cronológico sobre o que é escrito actualmente a propósito destas temáticas tão secularmente, diria mesmo intemporalmente, importantes para o ser humano. Como é óbvio aconselho a leitura na íntegra dos livros citados. Mas como há cada vez menos tempo e vontade para ler textos longos também acaba por ser útil fazer esta espécie de resumo para juntar algumas ideias sobre o assunto.
Uma nota para o texto propriamente dito e uma das razões porque desisti de escrever textos meus: Escrever dá uma trabalheira enorme! E editar não é melhor. Comecei por escrever este post achando que o faria como antes do Acordo Ortográfico mas a meio da construção do texto e porque os livros que transcrevo estão com o Novo Acordo, torna-se muito cansativo corrigir o texto que é muito extenso e eu tenho pouco tempo para fazer estes posts por isso, olha, ficou parte como era antes e o resto como é agora. Só mais um breve apontamento sobre a vida moderna: há mesmo falta de tempo, ou isto terá sido sempre assim? Tenho relações familiares para manter, nomeadamente com a mãe e as minhas três tias mais próximas e uma serie de primas e primos, um relacionamento amoroso para construir todos os dias com uma companheira de vida maravilhosa, (podia ser pior e ter muitas amantes, LOL), tenho algumas (poucas mas boas) relações de amizade que têm de ser preservadas, um gato e um cão velhos, duas gatas jovens, uma conta de Spotify, um Instagram, 2 perfis e duas páginas de Facebook para gerir (mas é provável que a coisa aumente), uma conta de Twitter que espero nunca voltar a usar, um blogspot (já foi pior, já cheguei a ter 4 ao mesmo tempo), 3 tumblrs, (um dos quais pseudo-activista e pseudo-pornográfico o que dá sempre uma imensa trabalheira para escolher a coisa certa para postar), já tive Whatsapp e Snapchat (desisti, demasiado moderno para o meu gosto), um site (olha só um, já tive mais), clientes para atender em consultas oraculares e terapêuticas, seja lá isso o que for, uma horta na qual não sei mexer uma palha e, bom, mais músicas para ouvir, mais livros para ler, mais caminhadas para dar, mais comidas boas para provar, mais cursos para fazer, mais exposições para visitar, mais filmes para ver, mais crafts e artesanato para fazer (meu querido ponto de cruz que está em stand-by), treinar o meu desenho que é péssimo porque preciso dele para conceber mais um oráculo que criei, mais um instrumento de música para aprender (estou indecisa entre clarinete, flauta transversal ou saxofone), trabalhar num call-center para ganhar dinheiro para comprar uma moto ou uma scooter e pagar as contas e, claro, por fim, não tenho tempo para ir ao ginásio ou nadar que é mesmo o que gosto e deveria fazer em termos de exercício físico...ah e meditar, já falei de meditar? Preciso de muito tempooooo para meditar...não sei se me entendem mas, arrisco-me a dizer, aqui sei que ganhei a vossa atenção pela empatia ☺ Vão ver como esta descrição toda é pertinente para as ideias que com os excertos destes livros pretendo transmitir e vale mesmo a pena lê-los... Bom, sem mais delongas e explicações passemos ao primeiro texto e ao primeiro post:




O FLORESCIMENTO DA CONSCIÊNCIA HUMANA

Evocação

Estamos no planeta Terra há 114 milhões de anos, minutos após o amanhecer: a primeira flor a aparecer no planeta desabrocha para acolher os raios de Sol. Antes deste acontecimento tão marcante, que representa uma transformação evolucionária na vida das plantas, o planeta já se encontrava coberto de vegetação há milhões de anos. A primeira flor provavelmente não sobreviveu muito tempo, e as flores devem ter permanecido fenómenos raros e isolados, uma vez que as condições ainda não seriam favoráveis à ocorrência de um florescimento mais amplo. Um dia, porém, foi atingido um limiar crítico e, de súbito, deve ter-se dado uma explosão de cores e fragrâncias por todo o planeta – se houvesse uma consciência perceptível presente para a testemunhar.
Muito mais tarde, estas criaturas delicadas e perfumadas a que chamamos flores iriam desempenhar um papel crucial na evolução da consciência de outra espécie. Os seres humanos foram-se sentindo cada vez mais atraídos e fascinados por elas. À medida que a sua consciência se desenvolvia, as flores devem ter sido a primeira coisa sem fins utilitários a ser apreciada pelos seres humanos, isto é, sem estar relacionada com a sua sobrevivência. Tornaram-se fonte de inspiração para numerosos artistas, poetas e místicos. Jesus diz-nos para contemplar as flores e aprender com elas a viver. Diz-se que Buda deu uma vez um «sermão em silêncio», durante o qual pegou numa flor e a contemplou. Algum tempo depois, um dos presentes, um monge chamado Mahakashyapa, começou a sorrir. Diz-se que foi ele o único a compreender o sermão. Segundo reza a lenda este sorriso (ou seja, esta compreensão) foi transmitido sucessivamente por vinte e oito mestres e, muito mais tarde tornou-se a origem do zen.
Ver a beleza numa flor conseguia despertar os seres humanos, ainda que por um breve momento, para a beleza que faz parte integrante da sua essência mais profunda, da sua verdadeira natureza. O primeiro reconhecimento da beleza foi um dos acontecimentos mais importantes na evolução da consciência humana. Os sentimentos de alegria e amor estão intrinsecamente relacionados com este reconhecimento. Sem estarmos totalmente conscientes disso, as flores tornar-se-iam para nós uma expressão corpórea daquilo que é mais elevado, mais sagrado e, em última análise que não tem forma dentro de nós próprios. As flores, que são efémeras, mais etéreas e mais delicadas do que as plantas de onde emergem, tornar-se-iam uma espécie de mensageiras de uma outra dimensão, uma ponte entre o mundo das formas físicas e o mundo sem forma. Não só tinham um aroma delicado e agradável para os seres humanos como também exalavam uma fragrância do reino do espírito. Se empregarmos a palavra «iluminação» num sentido mais abrangente do que o aceite convencionalmente, podemos olhar para as flores como a iluminação das plantas.
É possível qualquer forma de vida, de qualquer reino – mineral, vegetal, animal ou humano -, passar por uma experiência de «iluminação». Contudo, é um acontecimento muitíssimo raro, pois representa mais do que um progresso evolucionário: implica também uma descontinuidade no seu desenvolvimento, um salto para um nível completamente diferente do Ser e, acima de tudo, um desprendimento da materialidade.
O que pode ser mais pesado e mais impenetrável do que uma rocha, a mais densa das formas? Não obstante, algumas rochas sofrem uma mudança na sua estrutura molecular, transformam-se em cristais e, por conseguinte, tornam-se transparentes à luz. Alguns carbonos, sob um calor e uma pressão incríveis, transformaram-se em diamantes, e alguns minerais pesados noutras pedras preciosas.
A maior parte dos répteis rastejantes, de todas as criaturas as mais ligadas à terra, permaneceram inalteradas ao longo de milhões de anos. Porém, a alguns cresceram penas e asas, desafiando assim a força da gravidade que durante tanto tempo os aprisionara e transformando-os em aves. Não desenvolveram novas formas de rastejar ou andar; transcenderam antes este tipo de locomoção.
Desde tempos imemoráveis, as flores, os cristais, as pedras preciosas e os pássaros têm ocupado um lugar especial no espírito humano. Como todas as formas de vida, são evidentemente manifestações temporárias da Vida única essencial, da Consciência única. O seu significado especial e a razão pela qual os seres humanos sentiram tamanho fascínio e afinidade por elas podem ser atribuídos à sua natureza etérea.
Quando existe um certo nível de Presença, paz e atenção consciente nas perceções de um ser humano, este é capaz de sentir a essência divina da vida, a consciência única ou o espírito único que habita dentro de todas as criaturas e todas as formas de vida, reconhecendo-a como una com a sua própria essência e sendo, por isso, capaz de a amar como a si próprio. Contudo, até este nível ser atingido a maior parte dos seres humanos vê apenas as formas exteriores, sem ter consciência da essência interior nem da sua própria essência, identificando-se apenas com a sua forma física e psicológica.
Porém, no caso de uma flor, de um cristal, de uma pedra preciosa ou de um pássaro, mesmo um ser humano com pouca ou nenhuma Presença é capaz de sentir ocasionalmente que há algo mais para além da mera existência física dessa forma, sem saber que este é o motivo pelo qual é atraído por ela e sente uma afinidade com ela. Devido à sua natureza etérea, estas formas ensombram o espírito que habita no nosso interior em menor grau do que outras formas de vida. A exceção a esta regra são todas as formas de vida recém-nascidas – bebés, cachorrinhos, gatinhos, cordeiros e assim por diante. São frágeis, delicadas e ainda não estão firmemente enraizadas na materialidade. Ainda conseguem irradiar uma inocência, uma doçura e uma beleza que não pertencem a este mundo. Chegam mesmo a fazer as delícias de seres humanos relativamente insensíveis.
Quando estarmos alerta e contemplamos uma flor, um cristal ou um pássaro sem o rotular mentalmente, este torna-se uma porta de entrada para o mundo sem forma. Existe uma abertura interior, por mais ténue que seja, que dá acesso direto ao reino do espírito. Esta é a razão pela qual estas três formas de vida «iluminadas» desempenharam um papel tão importante na evolução da consciência humana desde tempos antigos; esta é a razão pela qual, por exemplo, a joia na flor de lótus é um dos símbolos fundamentais do Budismo e a pomba branca representa o Espírito Santo no Cristianismo. Estas formas de vida têm estado a preparar terreno para uma mudança mais profunda na consciência planetária destinada a realizar-se na espécie humana. Estamos a começar a testemunhar o despertar espiritual.

O intuito deste livro

Estará a Humanidade preparada para uma transformação da consciência, um florescimento interior tão radical e profundo que, comparado com ele, o florescimento das plantas, por mais belo que seja, não passa de um pálido reflexo? Serão os seres humanos capazes de perder a densidade das suas estruturas mentais condicionadas e tornar-se iguais aos cristais ou às pedras preciosas, ou seja, transparentes à luz da consciência? Serão os seres humanos capazes de desafiar a atração gravitacional do materialismo e da materialidade e elevar-se acima da identificação com a forma que alimenta o ego e os condena à prisão da sua própria personalidade?
A possibilidade de tal transformação tem sido a mensagem central dos mais sábios ensinamentos da Humanidade. Os mensageiros – Buda, Jesus e outros, nem todos eles conhecidos – foram as primeiras flores da Humanidade. Foram pioneiros, seres raros e preciosos. Um florescimento mais amplo ainda não era possível na altura em que viveram e a sua mensagem foi muitas vezes mal interpretada e distorcida. É evidente que não transformou o comportamento humano, excepto numa pequena minoria de pessoas.
Estará a Humanidade mais preparada agora do que estava na época destes primeiros mestres? Então porquê? O que podemos fazer para provocar ou acelerar esta mudança interior? O que caracteriza o antigo estado de consciência egoica e através de que sinais podemos reconhecer a nova consciência em desenvolvimento? Estas e outras questões essenciais serão debatidas no presente livro. Acima de tudo, o próprio livro é um instrumento de transformação saído da nova consciência que se está a formar. As ideias e os conceitos aqui apresentados podem ser importantes, mas são secundários. Não passam de meras indicações sobre a direção do despertar. À medida que for lendo uma mudança ocorrerá dentro de si.
O principal objectivo deste livro não é impor novas informações ou crenças à sua mente nem tentar convencê-lo de nada, mas sim dar origem a uma mudança de consciência, isto é, a um despertar. Neste sentido, não é um livro «interessante». Interessante implica que podemos manter a nossa distância, brincar com ideias e conceitos na nossa mente, concordar ou discordar. Este livro é sobre si. Pode mudar o seu estado de consciência ou não ter qualquer significado. Só os que estiverem preparados poderão despertar. Nem todos estão preparados, mas muitos já começam a estar, e, à medida que mais pessoas vão despertando, o impulso vai crescendo na consciência coletiva e o despertar dos outros tornar-se-á mais fácil. Se não sabe o que quer dizer «despertar», continue a ler. Só despertando é que consegue saber o verdadeiro significado desta palavra. Um vislumbre é o suficiente para dar início ao processo de despertar, que é irreversível. Para alguns, esse vislumbre surgirá ao ler este livro. Para muitos outros, que podem ainda não se ter apercebido disso, o processo já começou. Este livro poderá ajudá-los a reconhecê-lo. Em alguns casos, o processo pode ter começado através da perda ou sofrimento, noutros através do contacto com um mestre ou uma doutrina espiritual, através da leitura de “O Poder do Agora” ou de outro livro espiritualmente vivo e, consequentemente, capaz de transformar as pessoas – ou de qualquer combinação destes fatores. Se o processo de despertar já se tiver iniciado em si, a leitura deste livro irá acelerá-lo e intensificá-lo.
Uma parte crucial do despertar é o reconhecimento de um eu adormecido, o ego que pensa, fala e age, bem como o reconhecimento dos processos mentais condicionados colectivamente que perpetuam o estado de adormecimento. Em virtude disso, este livro revela os principais aspectos do ego e o modo como operam a nível individual e coletivo. Isto é importante por duas razões relacionadas entre si: a primeira é que, se não conhecermos o mecanismo básico de funcionamento do ego, não seremos capazes de o reconhecer e ele continuará a maquinar estratagemas para nos levar a identificar-nos com ele. Isto significa que ele se apodera de nós, que é um impostor a fazer-se passar por nós. A segunda razão é que o ato de reconhecimento em si é uma das formas que dá origem ao despertar. Quando reconhecemos a nossa falta de consciência, o que torna esse reconhecimento possível é a consciência em desenvolvimento, é o despertar. Não podemos lutar contra o ego e vencer, tal como não podemos lutar contra as trevas. Não é preciso mais nada, apenas a luz da consciência. E você é essa luz.

A disfunção que herdámos

Se nos debruçarmos mais aprofundadamente sobre antigas religiões e tradições espirituais da Humanidade, chegaremos à conclusão de que, apesar das muitas diferenças superficiais existentes, há dois princípios básicos com que todas elas concordam. As palavras usadas para descrever estes princípios diferem, mas todas apontam para a mesma verdade fundamental, que está dividida em duas partes. A primeira parte desta verdade é a perceção de que o estado de espírito «normal» da maior parte dos seres humanos contém uma forte componente do que podemos chamar disfunção ou até loucura. Certas doutrinas que estão na base do Hinduísmo talvez estejam mais próximas de considerar esta disfunção como uma forma de doença mental coletiva. Chamam-lhe maya, o véu da ilusão. Ramana Maharshi um dos maiores sábios indianos, afirma, sem cerimónias: «A mente é maya».
O Budismo utiliza termos diferentes. Segundo Buda a mente humana, no seu estado normal, gera dukka, que pode ser traduzido por sofrimento, insatisfação ou simplesmente tristeza. Ele vê este conceito como uma característica da condição humana. Onde quer que vamos, o que quer que façamos, diz Buda, encontraremos sempre dukka que se manifesta mais cedo ou mais tarde em todas as situações.
Segundo a doutrina cristã, o estado coletivo normal da Humanidade é o estado de «pecado original». Sin (pecado), é uma palavra que já foi muito mal compreendida e interpretada. Traduzido à letra do grego antigo, em que o Novo Testamento foi escrito, o verbo to sin significa falar o alvo, como pode acontecer a um arqueiro, por isso to sin significa não acertar no objectivo da existência humana. Significa viver inexperientemente (a palavra está bem escrita e o corretor acha que não), cegamente e, por conseguinte, sofrer e causar sofrimento. Despojado da sua carga cultural e das suas interpretações erróneas, este termo aponta novamente para a disfunção inerente à condição humana.
Os feitos realizados pela Humanidade são impressionantes e insofismáveis (a palavra está bem escrita e o corretor acha que não),. Criámos sublimes obras de música, literatura, pintura, arquitetura e escultura. Na História mais recente, a ciência e a tecnologia provocaram mudanças radicais no nosso modo de vida e permitiram-nos fazer e criar coisas que teriam sido consideradas miraculosas há duzentos anos. Não restam dúvidas: a mente humana é extremamente inteligente. Porém, esta mesma inteligência está manchada de loucura. A ciência e a tecnologia reforçaram o impacto destrutivo que a disfunção da mente humana tem sobre o planeta, sobre outras formas de vida e sobre os próprios seres humanos. É por isso que o século XX é o período em que esta disfunção, esta demência coletiva, pode ser mais claramente reconhecida. Outra razão deve-se ao facto de esta disfunção ser por si só um fator de intensificação e aceleração.
A Primeira Guerra Mundial estalou em 1914. As guerras destrutivas e cruéis, motivadas pelo medo, pela ganância e pelo desejo de poder, têm sido acontecimentos recorrentes ao longo da História da Humanidade, tal como a escravatura, a tortura e a violência generalizada infligida por motivos religiosos e ideológicos. Os seres humanos sofreram mais às mãos de outros seres humanos do que devido a desastres naturais. Contudo, por volta do ano de 1914, a inteligentíssima mente humana não só tinha inventado o motor de combustão interna, como também tinha produzido tanques, bombas, metralhadoras, submarinos, lança-chamas e gases venenosos. A inteligência ao serviço da loucura! Na equilibrada guerra das trincheiras em França e na Bélgica, milhões de homens morreram para que fosse possível ganhar apenas alguns quilómetros de lama. Quando a guerra terminou em 1918, os sobreviventes verificaram com horror e incompreensão a devastação que tinham deixado para trás: dez milhões de seres humanos mortos e muitos mais mutilados ou desfigurados. A demência humana nunca tivera um efeito tão destrutivo, tão claramente visível… E ainda mal sabiam que isto era apenas o início…
Até final do século XX, o número de pessoas que soçobraram por morte violenta às mãos de outros seres humanos elevar-se-ia até mais de cem milhões. Morreram não só devido às guerras entre nações, mas também devido aos extermínios em massa e genocídios, como o assassínio de vinte milhões de «inimigos de classe, espiões e traidores» na Rússia soviética de Estaline ou os horrores indescritíveis do holocausto na Alemanha nazi. Morreram igualmente em inúmeros conflitos internos menores, por exemplo, na Guerra Civil Espanhola, ou durante o regime do Khmer Vermelho no Cambodja em que um quarto da população do país foi dizimada.
Basta-nos ver as notícias todos os dias na televisão para percebermos que a loucura não acalmou e continua a grassar no século XXI. Outro aspecto da disfunção coletiva da mente humana é a violência sem precedentes que os seres humanos estão a infligir sobre outras formas de vida e sobre o próprio planeta – a destruição das florestas que produzem oxigénio e de outras formas de vida vegetais e animais, os maus-tratos causados aos animais nas quintas de produção em massa e a contaminação dos rios, dos oceanos e do ar. Levados pela ganância, e ignorando a sua ligação ao todo, os seres humanos insistem num tipo de comportamento que, se se mantiver descontrolado, só poderá resultar na sua própria destruição.
As manifestações coletivas da loucura, que reside no cerne da condição humana, constituem a maior parte da História da Humanidade. É, em grande medida, uma História de loucura. Se a História da Humanidade fosse o historial clínico de um único ser humano, o diagnóstico teria de ser: ilusões paranoicas crónicas, uma propensão patológica para cometer homicídios e atos de violência extrema e crueldade contra aqueles que são considerados «inimigos» - a sua própria falta de consciência é projetada para o exterior. Falamos assim de uma demência criminosa com breves intervalos de lucidez.
O medo, a ganância e o desejo de poder são as forças psicológicas que sustentam a guerra e a violência entre nações, tribos, religiões e ideologias, além de serem também a causa de incessantes conflitos nas relações pessoais. Provocam uma distorção na nossa perceção de nós próprios e das outras pessoas. São elas que nos levam a interpretar mal uma situação, conduzindo a ações despropositadas concebidas para nos libertar do medo e satisfazer a nossa necessidade de mais, que é um poço sem fundo.
Porém, é importante realçar que o medo, a ganância e o desejo de poder não são a tal disfunção de que estamos a falar, mas sim o seu produto. Esta disfunção é uma ilusão coletiva profundamente enraizada na mente de cada ser humano. Há uma série de ensinamentos espirituais que nos aconselham a abandonar o medo e o desejo, mas estas práticas espirituais geralmente não dão resultado. Não vão à raiz da disfunção. O medo, a ganância e o desejo de poder não são os principais fatores causais. Tentarmos ser seres humanos bons ou melhores parece uma coisa louvável e de sentimentos nobres, mas é um esforço pelo qual não obteremos frutos, se não se verificar uma mudança na consciência. Esta tentativa ainda faz parte da mesma disfunção, é uma forma mais subtil e invulgar de narcisismo, de querer obter sempre mais, de desejar uma consolidação da nossa identidade conceptual, da imagem que criamos de nós próprios. Não nos tornamos bons tentando ser bons, mas encontrado a bondade que já existe dentro de nós e deixando-a vir à superfície. Porém, tal só é possível se algo de fundamental mudar no nosso estado de consciência.
A história do comunismo, originalmente inspirado em ideais nobres, ilustra de forma clara o que acontece quando as pessoas tentam mudar a realidade exterior – criar um novo mundo – sem terem promovido anteriormente uma mudança na sua realidade interior, no seu estado de consciência. Fazem planos sem ter em conta a garantia de disfunção que todos os seres humanos carregam consigo: o ego.

O despertar de uma nova consciência

A maior parte das religiões e tradições espirituais antigas partilham o mesmo princípio, ou seja, que o nosso estado de espírito «normal» é manchado por um defeito fundamental. No entanto, deste princípio da natureza da condição humana – ao qual podemos chamar a má notícia – deriva um segundo princípio: a boa notícia da possibilidade de uma transformação radical da consciência humana. Na doutrina hindu (e, por vezes, também na doutrina budista), designa-se esta transformação por iluminação. Na doutrina de Jesus, corresponde à salvação e, no Budismo, constitui o fim do sofrimento. Libertação e despertar são outros termos igualmente utilizados para descrever esta transformação.
O maior feito realizado pela Humanidade não está relacionado com o que ela conseguiu atingir na arte, na ciência ou na tecnologia, mas com o reconhecimento da sua própria disfunção, da sua própria loucura. Num passado remoto, este reconhecimento foi efectuado por alguns indivíduos. Um indivíduo chamado Siddharta Gautama, que viveu há 2600 anos na Índia, foi talvez o primeiro a vê-lo com toda a clareza. Mais tarde, foi-lhe conferido o título de Buda. À letra Buda significa «o desperto». Sensivelmente na mesma altura, surgiu na China outro dos primeiros mestres iluminados. Chamava-se Lao-Tsé. Lao-Tsé deixou registo dos seus ensinamentos num dos livros espirituais mais profundos alguma vez escritos: o Tao Te Ching.
Reconhecermos a nossa própria insanidade é, obviamente, o primeiro passo a dar para alcançar a sanidade mental, o início do processo de cura e transcendência. Uma nova dimensão de consciência começou então a emergir no planeta, uma primeira tentativa de florescimento. Estes indivíduos extraordinários falaram com os seus contemporâneos. Falaram do pecado, do sofrimento, da ilusão. Disseram: «Observa o modo como vives. Olha para o que estás a fazer, para o sofrimento que crias». Então, apontaram para a possibilidade de um despertar do pesadelo coletivo da existência humana «normal». Indicaram o caminho.
O mundo ainda não estava preparado para compreender as suas palavras e, no entanto, eles tiveram um papel vital e necessário para o despertar da Humanidade. Inevitavelmente, foram quase sempre mal interpretados pelos seus contemporâneos, bem como pelas gerações seguintes. Os seus ensinamentos, apesar de simples e poderosos, foram distorcidos e mal interpretados, em alguns casos, inclusivamente no momento em que eram registados por escrito pelos seus discípulos. Ao longo dos séculos, foram acrescentadas muitas coisas que nada têm a ver com os ensinamentos originais, equivalendo a reflexos de uma má interpretação de raiz. Alguns mestres foram ridicularizados, insultados ou mortos; outros passaram a ser venerados como deuses. Os ensinamentos que apontavam o caminho para lá da disfunção da mente humana e que permitiram sair desta loucura coletiva foram distorcidos e tornaram-se eles próprios parte integrante da loucura.
Foi deste modo que as religiões se tornaram, em grande medida, forças de divisão em vez de forças de união. Em lugar de eliminarem a violência e o ódio através da perceção da unicidade fundamental de toda a vida, deram origem a mais violência e mais ódio, a mais divisões entre as pessoas, bem como entre diferentes religiões e até dentro da mesma religião. Converteram-se em ideologias, sistemas de crença com os quais as pessoas se podiam identificar e que, por isso, podiam usar para reforçar a sua falsa noção de identidade. As religiões concediam às pessoas o pretexto para se sentirem «certas» em oposição aos outros, que estavam «errados», e, por conseguinte, ajudavam-nas a definir a sua identidade com base nos seus inimigos, os «outros», os »descrentes» ou «mal-crentes», encontrando com frequência justificação para os matar. O Homem criou «Deus» à sua imagem. O eterno, o infinito e o inominável foram reduzidos a um ídolo mental, no qual se tinha de acreditar e o qual se tinha de venerar como o «meu deus» ou o «nosso deus».
No entanto...no entanto...apesar de todos os atos de loucura cometidos em nome da religião, a Verdade para a qual apontam ainda brilha no seu âmago. Continua a brilhar, por mais ténue que seja o brilho, por baixo das várias camadas de distorção ou má interpretação. Porém, é pouco provável que sejamos capazes de percecionar esse brilho se nunca tivermos tido pelo menos vislumbres dessa Verdade dentro de nós mesmos. Ao longo da História, houve sempre raros indivíduos que viveram uma mudança de consciência e que, desta forma, se aperceberam dentro de si próprios d’Aquilo para que todas as religiões apontam. Para descrever essa Verdade não conceptual, utilizaram então a estrutura conceptual das respetivas religiões.
Por intermédio de alguns destes homens e mulheres, no seio das principais religiões desenvolveram-se escolas ou movimentos que representavam não só uma redescoberta mas também, em alguns casos, uma intensificação da luz da doutrina original. Deste modo, nasceram no seio do Cristianismo inicial e medieval o gnosticismo e o misticismo, o sufismo na religião islâmica, chassidismo e a cabala no Judaísmo, o advaita vedanta no Hinduísmo e o zen e o dzogchen no Budismo. A maior parte destas escolas eram de estruturas de conceptualização morta e de sistemas mentais de crenças, o que fez com que a grande maioria fosse vista com desconfiança, e muitas vezes até com hostilidade por parte das hierarquias religiosas oficiais. Ao contrário da religião dominante, os seus ensinamentos acentuavam a compreensão e a transformação interior. Foi através destas escolas ou movimentos esotéricos que as principais religiões recuperaram o poder transformador dos ensinamentos originais, embora, na maior parte dos casos, apenas uma pequena minoria de pessoas pudesse ter acesso a eles. Este pequeno grupo nunca foi suficientemente grande para causar um impacto significativo na inconsciência coletiva profundamente enraizada na maioria das pessoas. Com o tempo, até algumas destas escolas se tornaram demasiado rígidas ou conceptualizadas para surtirem efeito.

Espiritualidade e religião

Que papel desempenham as religiões oficiais no despertar da nova consciência? Há muitas pessoas que já estão conscientes da diferença entre espiritualidade e religião. Compreendem que ter um sistema de crenças – um conjunto de pensamentos que consideramos ser a verdade absoluta – não nos torna espirituais, independentemente da natureza das crenças. Na realidade, quanto mais fazemos dos nossos pensamentos (das nossas crenças) a nossa identidade, mais afastados estamos da dimensão espiritual dentro de nós. Muitas pessoas «religiosas» estagnaram a este nível. Equiparam a verdade ao pensamento e, uma vez que se identificam totalmente com o pensamento (com a mente), afirmam estar em poder da verdade, numa tentativa inconsciente de proteger a sua identidade. Não se apercebem das limitações do pensamento. Se não acreditarmos (pensarmos) exatamente naquilo em que elas acreditam, estaremos errados aos olhos delas e, num passado não muito distante, esse facto teria sido justificação suficiente para nos matarem. E, por vezes, ainda hoje continua a ser assim.
A nova espiritualidade, a transformação da consciência, está a surgir, em grande medida, fora das estruturas das religiões institucionalizadas. Sempre existiram elementos espirituais, inclusive nas religiões dominadas pela mente, apesar das hierarquias institucionalizadas geralmente se sentirem ameaçadas por esses mesmos elementos e tentarem suprimi-los. Uma grande vaga de espiritualidade fora das estruturas religiosas constitui um desenvolvimento completamente novo. No passado, esta vaga teria sido inconcebível, sobretudo no Ocidente, onde a cultura está mais dominada pela mente, e onde a igreja cristã detinha o privilégio virtual da espiritualidade. Não se podia simplesmente dar uma palestra sobre espiritualidade ou publicar um livro dedicado a esse tema sem a autorização da Igreja e, se essa autorização não fosse obtida, a Igreja depressa silenciaria os perpetradores. Porém, atualmente, mesmo no seio de certas igrejas e religiões, há sinais de mudança. É reconfortante e devemos estar gratos pelos mínimos indícios de abertura, como a visita do Papa João Paulo II a uma mesquita e a uma sinagoga.
Em parte devido aos ensinamentos espirituais que surgiram fora do âmbito das religiões oficiais, mas também devido a um afluxo de antigos conhecimentos e ensinamentos orientais, há um número crescente de seguidores das religiões tradicionais capazes de se libertar da identificação com a forma, do dogma e dos rígidos sistemas de crenças, sua tradição religiosa, ao mesmo tempo que descobrem a sua própria essência. Compreendem que a nossa «espiritualidade» nada tem a ver com aquilo em que acreditamos, mas sim com o nosso estado de consciência. Por sua vez, isto determina o modo como agem no mundo e como interagem com os outros.
As pessoas que não são capazes de ver para lá da forma tornam-se ainda mais firmes nas suas crenças, ou seja, na sua mente. Neste momento, estamos a assistir não só a um afluxo de consciência sem precedentes, como também a uma firmeza e intensificação do ego. Algumas instituições religiosas estarão abertas à nova consciência, outras irão reforçar as suas posições doutrinais e integrar-se em todas as outras estruturas artificiais, através das quais o ego coletivo vai tentar defender-se e «ripostar». Algumas igrejas e facções bem como alguns cultos e movimentos religiosos, são basicamente entidades coletivas egoicas, tão rigidamente identificadas com as suas posições mentais como os seguidores de uma ideologia política fechada a qualquer interpretação alternativa da realidade.
Entretanto, o ego está destinado a perecer, e todas as suas estruturas ossificadas, sejam insitutições religiosas ou outras, como empresas ou governos, irão desintegrar-se a partir do seu núcleo, independentemente do quão enraizadas aparentem estar. As estruturas mais rígidas, as mais difíceis de mudar, serão as primeiras a sucumbir. Exemplo disto é o que já aconteceu no comunismo soviético. Por mais profundamente enraizado, sólido e monolítico que possa ter parecido estar, em poucos anos desintegrou-se a partir do seu núcleo. Ninguém previu isto. Todos foram apanhados de surpresa. E há mais surpresas à nossa espera.
A necessidade urgente de transformação

Quando confrontada com uma crise radical, sempre que o antigo modo de funcionamento do mundo, de interação com os outros e com a Natureza deixa de resultar, quando a sobrevivência é ameaçada por problemas aparentemente insuperáveis, uma forma de vida individual – ou uma espécie – morre, extingue-se ou eleva-se acima das limitações da sua condição através de um avanço evolucionário.
Crê-se que as formas de vida existentes no nosso planeta começaram a desenvolver-se no mar. Ainda não era possível encontrar animais em terra, já o mar fervilhava de vida. Chegou-se então a uma altura em que as criaturas marinhas deve ter começado a aventurar-se em terra. Talvez tenha rastejado primeiro alguns metros, cansando-se demasiado devido à atração gravitacional do planeta, e tendo regressado à água, onde a gravidade é praticamente nula e onde era mais fácil viver. Este processo foi repetido vezes sem conta e, passado bastante tempo, a criatura conseguiu adaptar-se à vida em terra, desenvolvendo pés no lugar de barbatanas e pulmões em vez de guelras. Parece pouco provável uma espécie aventurar-se desta forma num ambiente desconhecido e sofrer uma transformação evolucionária, a não ser que se tenha sentido obrigada a fazê-lo devido a uma situação de crise. Pode ter sido resultado da separação de uma vasta porção de mar do grande oceano, em que a quantidade de água tenha diminuído ao longo de milhares de anos, forçando os peixes a deixar o seu habitat e a evoluir.
Fazer face a uma crise radical que ameaça a nossa sobrevivência representa o desafio que a Humanidade tem de enfrentar neste momento. A disfunção da mente humana egoica, identificada há mais de 2500 anos pelos mestres dos ensinamentos antigos e agora ampliada através da ciência e da tecnologia, está pela primeira vez a ameaçar a sobrevivência do planeta. Até há bem pouco tempo, a transformação da consciência humana – também sublinhada pelos antigos mestres – não passava de uma possibilidade, concretizada por alguns raros indivíduos aqui e ali, independentemente das suas origens religiosas ou culturais. Não ocorreu um florescimento mais amplo da consciência humana pois este ainda não era imperativo.
Uma parte significativa da população mundial irá reconhecer em breve, se é que não o reconheceu já, que a Humanidade é agora confrontada com uma decisão difícil: evoluir ou morrer. Uma percentagem relativamente pequena da Humanidade, mas em franca expansão, já esta a romper com os antigos padrões mentais egoicos e a despertar para uma nova dimensão da consciência.
O que está a surgir neste momento não é um novo sistema de crenças, uma nova religião, ideologia espiritual ou mitologia.
Estamos a chegar ao fim não só das mitologias, mas também das ideologias e dos sistemas de crenças. A mudança ocorre a um nível mais profundo do que o conteúdo da nossa mente, do que os nossos pensamentos. Na realidade, na base de uma nova consciência reside a transcendência do pensamento, a recentemente descoberta capacidade de nos elevarmos acima do pensamento, de nos apercebermos de uma dimensão que existe dentro de nós próprios e que é infinitamente mais vasta do que o pensamento. Deixamos então de ir buscar a nossa identidade, a nossa perceção de quem somos, ao incessante fluxo de pensamento que, na consciência antiga, considerávamos ser nós próprios. Constitui uma libertação extraordinária apercebermo-nos de que «a voz que ouço dentro da minha cabeça» não é quem sou. Então quem sou eu? Sou aquele que se apercebe disso. Sou a consciência anterior ao pensamento, o espaço onde o pensamento – ou a emoção, ou o estado de «sentir perceção» - ocorre.

( Aqui faço um parentesis ao capítulo do livro do Tolle e lembro-me dos escritos teosóficos da Blavatsky que dizia precisamente “que somos todos Espaço”). Voltando ao excerto do livro do Tolle:

O ego não passa disto: a identificação com a forma, que significa primariamente a identificação com as formas de pensamento. Se o mal for detentor de alguma realidade – e é-o, não de uma realidade relativa, mas absoluta -, esta é igualmente a sua definição: a identificação total com a forma – com as formas materiais, com as formas de pensamento e com as formas emocionais. Isto resulta numa total ausência de consciência da minha ligação ao todo, da minha unicidade intrínseca com todos os outros, bem como com a Fonte. Este esquecimento é o pecado original, o sofrimento, a ilusão. Quando esta ilusão de uma separação total subjaz ou impera em tudo aquilo que penso, digo e faço que tipo de mundo estou eu a criar? Para encontrar a resposta, observe o modo como os seres humanos se relacionam uns com os outros, leia um livro de História ou veja as notícias no telejornal hoje à noite.
Se as estruturas da mente humana permanecerem como estão, acabaremos sempre por recriar fundamentalmente o mesmo mundo, os mesmos males, a mesma disfunção.

Para dar reflectir sobre este última frase, talvez o excerto do próximo livro possa trazer alguma achega pois fala de Karma. E, sim, o pensamento que me está na mente neste momento é: “um mundo sempre diferente mas sempre igual”. Adiante, para a última parte do capítulo que também acrescenta algo de importante:

Um novo Céu e uma nova Terra

A inspiração para o título do presente livro proveio de uma profecia da Bíblia que parece mais aplicável à nossa era do que a qualquer outra na História da Humanidade. Esta profecia surge tanto no Velho como no Novo Testamento e fala do fim da ordem mundial vigente e do nascimento de «um novo Céu e uma nova Terra» (Apocalipse 21:1 e Isaías 65:17). É necessário compreender que o Céu aqui referido não é um lugar físico sendo antes uma referência ao domínio interior da consciência. Este é o significado esotérico da palavra, o mesmo que está presente nos ensinamentos de Jesus. Por outro lado, a Terra é a manifestação exterior na forma, que é sempre um reflexo da manifestação interior. A consciência humana coletiva e a vida no nosso planeta estão intrinsecamente ligadas. « Um novo Céu» é o surgimento de um estado transformado da consciência humana e «uma nova Terra» é o seu reflexo no plano físico. Uma vez que a vida humana e a consciência humana são intrinsecamente unas com a vida do planeta, à medida que a antiga consciência se dissolve, é provável que ocorram perturbações a nível geográfico e climatérico em simultâneo em várias zonas do planeta, algumas das quais já estamos a testemunhar.

São 18h28 termino aqui este primeiro post, não dormi, estou cansada, tenho mais coisas para fazer. Se o lerem aproveitem para meditar, reflectir sobre ele se vos apetecer e puderem.
O próximo post serão os capítulos 3, 4 e 5 do Livro “Karma – O que é, O que não é e Porque é que Importa” de Traleg Kyabgon mas amanhã estarei em formação para um novo trabalho que vou iniciar na próxima semana e que me arredará da internet por bastante tempo e daí ter decidido partilhar isto convosco hoje. Talvez, o escreva na próxima quinta-feira ou sexta-feira, a ver vamos.
































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